segunda-feira, 14 de novembro de 2011

SOMOS SERVOS INÚTEIS


Catequese das Terças

Autor:Frei Petrônio Cardoso, OFM

“Somos servos inúteis, fizemos aquilo que devíamos fazer” (Lc 17, 10)
O Evangelho desta missa oferece matéria para uma oportuna reflexão, quanto aos serviços que temos de prestar como cristãos, discípulos de Jesus Cristo e como Comunidade de amor.
O Evangelho de Jesus Cristo foi escrito há dois mil anos atrás, para um público com mentalidade e características próprias daquele tempo. A menta-lidade do povo correspondia mais ao espírito do Antigo Testamento, onde a autoridade a autoridade se confundia com a força, com o poder e com o pres-tígio pessoal
Vemos isso na atitude sugerida pelo texto do Evangelho. O patrão disse a seu empregado: “Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo!... Depois, poderás comer e beber”! Proposta um tanto estranha para os dias de hoje. Preconceituosa, no mínimo!
O Evangelho pergunta: Será que o patrão precisa agradecer ao empregado por ter feito o que ele mandara? Pois ele ganhava para isso, como iria dizer o patrão.
Eu respondo: Sim e não, depende. “Segundo o modo de pensar daquele tempo, a resposta é: NÃO! Não precisava agradecer. Ele estava cumprindo o seu dever e ganhava para isso, como ainda hoje muitos empregadores pensam também.
Mas nós cristãos, cujo comportamento deve ser pautado na Lei do amor, do respeito aos mais fracos, eu responderia SIM, o trabalhador devia sentir-se agradecido por seu empregador, pois a atitude correta do cristão não deve ser a de humilhar ninguém. Aos que trabalham para nós, devemos gratidão; eles, com seu trabalho, com seu suor, contribuem para o aumento do patrimônio de seus empregadores....
A prática de tratar um empregado como um escravo, infelizmente, predominou até bem recente, inclusive na Igreja. O Concílio Vaticano II fez mudar tudo... A Igreja passou a ser vista como Igreja “servidora”, mudando o modelo até então em voga: o modelo de Igreja piramidal que era formada de camadas de poderes superpostos do maior ao menor. Ao posto mais elevado, correspondia à dignidade mais alta.
O poder da Igreja é hoje um poder mais democrático, um poder, cada vez mais exercido, com participação da Comunidade. A Hierarquia continua a existir. Nossa Igreja é hierárquica, por natureza: Temos o Papa, os Cardeais, os Bispos, os Padres, os Religiosos e as Religiosas, os Leigos e as Leigas. Todos formamos o Povo de Deus ou a Igreja numa hierarquia de autoridades, mas consciente de se tratar de uma Comunidade, onde cada um presta seu serviço para o bem de todo o corpo, a Igreja.
Estes diferentes modos de ser, se diferenciam não pela dignidade, mas pelo serviço que cada um presta à Comunidade. Nossa dignidade vem não do posto que ocupamos, mas de nossa condição de cristãos e filhos de Deus pelo batismo!
A autoridade na Igreja, portanto, deve ser entendida como um carisma, ou um serviço a ser prestado. Exercer a autoridade, não é demonstrar poder, prestígio, dignidade, mas é prestar serviço ao Povo de Deus, com amor e dedicação
O Concílio Vaticano II (1962-1965) muito contribuiu para que o conceito da Igreja voltasse ao seu tamanho original como Igreja de Cristo, Igreja Servidora, Igreja do amor.
Rezemos, pois, para que o Espírito Santo a ilumine cada vez mais e a conduza pelos caminhos da verdade. Assim seja.

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